Ameaça aos ricardãos do planeta: o grande garanhão de Garanhuns,é de ferro, voa muito, mas aterrisa...
O TEMPO ADQUIRE UMA COMPONENTE ESPACIAL
A gravidade atrasa o tempo e curva o espaço. Pise no acelerador para ganhar um bocado de velocidade, e você verá o tempo se alongar e o espaço se contrair. Como Jules viaja a 80 por cento da velocidade da luz, não somente Jim vê o tempo de Jules transcorrer a 60 por cento da taxa do seu próprio tempo, mas também ele vê o foguete de Jules encolher a 60 por cento do seu valor normal. É como se a dilação do tempo é exatamente compensada pela contração do espaço. No mundo Newtoniano, o tempo e o espaço eram atores independentes livres para fazer o que lhes agradava no grande palco cósmico. Einstein já não permite essa independência. De agora em diante, os dois mundos formam um par inseparável e indissolúvel, sempre atuando em concerto. Tempo e espaço desunidos são somente meras sombras da realidade. A única coisa que tem uma existência tangível é um espaço-tempo unido. O espaço leva os atributos do tempo, e o tempo do espaço.
Há 20.000 anos atrás, nossos ancestrais Paleolíticos já estavam intuitivamente dando ao tempo uma dimensão espacial quando eles esculpiam entalhes nos ossos de animais para registrar a passagem dos dias. Ao destruir a universalidade do tempo, Einstein forneceu uma justificação científica para adicionar uma componente espacial ao tempo. Ao se tornar maleável e flexível para acomodar o movimento, este novo tipo de tempo varreu para a água conceitos de simultaneidade universal, passado, presente, e futuro. O que é “agora” para mim pode ser bem percebido como futuro para você ou o passado para meu amigo. Tudo depende do meu movimento relativo a vocês e da distância que nos separa. Por exemplo, com o simples ato de abaixar este livro e caminhar em sua sala de estar, o que você chama “agora”, pode mudar para um dia inteiro do ponto de vista de alguém vivendo na galáxia de Andrômeda, dois milhões de anos-luz daqui. Se dois de vocês estão sentados e lendo descansadamente, “agora” é o mesmo para ambos. Mas se você está andando na sua sala de estar, uns poucos metros mais próximo a Andrômeda, seu “agora” se deslocará de um dia em direção ao futuro de sua contraparte em Andrômeda, pelo menos se você fica a poucos metros mais próximo da Galáxia. Por outro lado, se você se move na direção oposta, seu “agora” se deslocará para trás por um dia no passado do habitante de Andrômeda.
A perda do conceito de simultaneidade trás desconforto às nossas tradicionais noções de passado, presente, e futuro. Pensamos do passado como já realizado, levado e perdido nas dobras de nossa memória, e nada pode ser feito para mudá-lo. Somente o sabor de um madeleine (uma pastelaria Francesa) e a mágica de escrever pode habilitar alguém como Marcel Proust a reviver o tempo perdido. Ao contrário, pensamos do futuro como alguma coisa a construir; ele transporta nossos sonhos e esperanças, e nossas ações atuais podem influenciar e moldá-lo. Sentimos o tempo passar, e nossa linguagem reflete esse fato: Falamos do “curso” ou “fluxo” do tempo. Contudo, este tempo psicológico não se ajusta com o tempo físico de Einstein. Se, como ele nos ensinou, meu futuro pode ser o passado do meu amigo, e se o passado do meu vizinho pode ser meu presente, então o passado não pode ser completado e o futuro não está ainda para ser feito. O passado e o futuro devem coexistir com o presente. Tal como uma paisagem que se estende até onde nossa vista pode alcançar, o tempo físico existe unicamente em sua inteireza. A tela do tempo se estende do horizonte do passado ao horizonte do futuro. Toda distinção entre passado, presente, e futuro é somente uma ilusão. Em contraste com o tempo psicológico, o tempo físico nem flui nem passa. Ele existe como uma simples entidade; ele simplesmente é. Neste sentido, ele ecoa a intuição poética de William Blake em Jerusalem:
I see the Past, the Present and Future
Existing all at once before me…
Ou T. S. Eliot em Burnt Norton:
Time present and time past
Are both perhaps present in time future
And the time future contained in time past,
If all time is eternally present.
O tempo físico resolve vários paradoxos colocados pelo tempo psicológico. Se o tempo realmente flui, a que velocidade ele vai? Obviamente, esta é uma questão absurda. Mas se o tempo simplesmente está e não flui absolutamente, já não há qualquer razão para colocar a questão em primeiro lugar. Contudo, tudo na experiência humana aponta para uma flecha do tempo, transportando-nos do nosso berço à sepultura. Então o que cria esta sensação de movimento? É esta percepção de fluxo meramente uma construção mental? É uma ilusão inventada pelo cérebro, sem nenhuma existência real de si mesmo? Seriam as aparências nada mais do que sombras de realidade, como afirmava Platão? Ou existe um aspecto do tempo físico que ainda não temos apreendido? Einstein revolucionou nosso conceito de tempo no início do século vinte casando-o com o espaço. Haverá uma outra revolução no século vinte e um que resolverá a profunda dicotomia entre as duas espécies de tempo – o físico e o psicológico? Não obstante, uma coisa é clara: Tal solução permanecerá além do nosso alcance até que compreendamos como o cérebro funciona e percebe o tempo, e como tudo isto está relacionado ao nosso conceito do livre arbítrio.
terça-feira, 3 de junho de 2008
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2 comentários:
Interessantissimo texto!!!
Li em um livro que o homem precisa do tempo para viver, que sem ele todo o seu universo desmorona. Talvez eu tenha lido isso em um livro sobre o Einstein, de Huberto Rohden. Avisa-me se estou enganada.
A proposito Stargirl sou eu, a Nancy, hein pai!;)
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