terça-feira, 17 de junho de 2008

FARÓIS CELESTIAIS


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A nossa procura por buracos negros em objetos parecidos com o Sol falhou em dar algum resultado. De fato, todas as estrelas até 1,4 a massa do nosso Sol compartilham o mesmo destino. Quando elas morrem, não se transformam em buracos negros mas em anãs brancas. Isto significa que temos de começar a procura de estrelas com uma massa maior do que 1,4 vezes a massa do Sol. Uma vez mais, precisamos ser cuidadosos, pois nem todas essas estrelas se ajustarão no rol. As estrelas com uma massa entre 1,4 e aproximadamente 3 da massa do Sol também não estão nesse estágio. Seu colapso gravitacional é interrompido não por elétrons mas por nêutrons dentro da estrela. Os nêutrons são partículas elementares de matéria com uma massa comparável à massa dos prótons, 1.836 maior do que a do elétron, mas não possuem carga elétrica, como indica seu nome. Eles, também, têm uma peculiar aversão de serem amontoados num pacote. Contudo, eles são um pouco mais tolerantes a ele do que os elétrons, de modo que o colapso prossegue a um estágio mais avançado e não pára até que o raio tenha encolhido a 10 km. O resultado remanescente estelar é uma estrela composta inteiramente de nêutrons e uma tamanho comparável à área metropolitana de New York. Tal como um esquiador de gelo que gira velozmente encolhendo seus braços para dentro, uma estrela de nêutrons gira rapidamente em torno de si, algumas centenas de vezes por segundo, como um legítimo pião celestial. Ela emite radiação alimentada pela energia colapsada, na forma de dois feixes de luz varrendo o espaço como um farol marinho, e tão regular como um metrônomo. Todas as vezes que um dos feixes varre a Terra, os radiotelescópios detectam um sinal muito curto que se repete em cada revolução. Parece-se como se a estrela estivesse pulsando, daí o nome “pulsar.” A matéria ainda é mais comprimida numa estrela de nêutrons. Um centímetro cúbico pesa um milhão vezes um bilhão de gramas. Desta vez, é como comprimir um bilhão de elefantes numa colher de sopa.
Desde que estrelas com menos de três massas solares não satisfazem nossa questão para os buracos negros, devemos começar procurando por estrelas mais massivas. Desta vez, estamos no caminho certo. Estas estrelas são tão massivas que nada pode estar no caminho do seu colapso, nem a aversão de elétrons de serem amontoados juntos, nem a de nêutrons. O resto de tais estrelas não são nem anãs brancas nem estrelas de nêutrons, mas genuínos buracos negros.

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