A ÚLTIMA SINGULARIDADE
Jules começa a ponderar sobre as propriedades do buraco negro que ele deve reportar aos seus leitores da Terra. Graças ao seu conhecimento de física, ele sabe todas suas externas características – a intensidade da atração gravitacional, a curvatura do espaço que ele causa, o desvio do caminho da luz, a forma do tamanho de sua superfície do horizonte – dependem somente de três parâmetros: a massa do buraco negro, seu movimento de rotação, e sua carga elétrica. Qualquer outra informação do buraco negro está perdida. Uma vez formado, ele perde qualquer memória de seu progenitor. A composição química, o odor, a forma, a textura, a cor, e o tamanho do objeto que deu origem a ele são para sempre perdidos e anulados. Como tal, os buracos negros constituem um poço de informação no universo.
Suponha, por exemplo, que a mão de um gigante comprime você suficientemente para transformar você num buraco negro, e que o mesmo destino acontece com seu amigo que ocorre ter exatamente a mesma massa que você. Os dois buracos negros resultantes serão indistinguíveis quando vistos de fora. Eles terão a mesma massa, o mesmo movimento de rotação (a saber, zero, se nem você nem seu amigo estavam girando no momento de suas desgraças), e carga nula (pois as cargas positivas e negativas se equilibram exatamente em seus corpos). Um observador que compara estes dois buracos negros de fora não teria nenhuma maneira de dizer quem de vocês produziu qual objeto. Informação sobre seus sexos, suas raças, a cor de seus cabelos e dos olhos, seus tamanhos, as roupas que estavam vestindo, a forma de seus corpos – tudo isto terá sido apagado no momento em que você se tornou um buraco negro.
Jules sabe a massa do buraco negro. Ele tem dez vezes a massa do Sol. Sua carga elétrica é nula, porque se o buraco negro tinha um carga positiva ou negativa, ele teria há muito tempo atraído partículas do gás interestelar com carga oposta para compensar a sua. Quanto ao movimento de rotação, Jules já pode medir quão forte é baseado na massa furiosamente em redemoinho do gás interestelar que espirala em direção a anelante boca negra, afogada por sua irresistível gravidade. De fato, Jules já esperava que este buraco negro girasse rapidamente visto que a estrela massiva que lhe deu origem girava também com muita rapidez. Na medida em que colapsa para dentro, o corpo estelar resultante pode somente aumentar sua velocidade de rotação posteriormente, exatamente como um patinador do gelo gira mais rápido quando ele recolhe seus braços ao longo do seu corpo. A velocidade de rotação aumenta em proporção ao inverso do quadrado do raio da estrela colapsada. Devido a este movimento de rotação, a superfície do horizonte não é perfeitamente esférica. Em vez disso, é ligeiramente achatada nos pólos e saliente no equador, do mesmo modo que a Terra está sujeita às forças centrífugas devido a sua rotação.
Jules faz um rápido cálculo. Se dez massas solares estão uniformemente distribuídas num volume mais ou menos esférico de raio 30 km, a densidade da matéria será cerca de 2x1014 g/cm3, que é 200.000 bilhões de vezes maior do que a densidade da água. Contudo, Jules sabe que a matéria dentro de um buraco negro é qualquer coisa menos uniformemente distribuída. Realmente, a teoria da relatividade diz que toda a matéria deve estar concentrada numa região infinitesimalmente pequena do espaço somente10-33 cm de tamanho, ou 10 milhão x bilhão x bilhão de vezes menor do que um átomo. Os físicos chamam tal região uma “singularidade.” Exceto um fino fluxo de gás interestelar que flui para dentro do buraco negro, tudo dentro é essencialmente um vácuo – um vácuo que se estende da superfície do horizonte à singularidade.
sexta-feira, 25 de julho de 2008
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